26 de abril de 2024

Jesus Sérgio defende união da bancada e apoio ao governo, mas pondera: precisam se organizar

O deputado Jesus Sérgio (PDT) é acreano de Tarauacá, formado em Matemática, professor do Ensino Médio e foi gerente do Banco da Amazônia, por 15 anos. Já exerceu mandatos de vereador e deputado estadual antes de ascender pela primeira vez à Câmara Federal, cadeira que conquistou com 9.537 votos obtidos nas urnas, nas eleições estaduais de 2018.

Deputado Jesus Sérgio, na redação do Contilnet./Foto: Contilnet

Nesta entrevista ao Contilnet, ele avalia o início de seu mandato, fala sobre o relacionamento da bancada federal do Acre em Brasília, das articulações realizadas junto ao governo federal e, indagado, opina sobre o governo Bolsonaro e a pautas que estão na ordem do dia, em nível nacional, como a Reforma da Previdência e o contingenciamento de recursos para a Educação Pública.

Jesus Sérgio também avalia os primeiros meses do governo Gladson Cameli (Progressistas), do qual seu correligionário e presidente regional do partido, o deputado Luiz Tchê, é líder na Assembleia Legislativa e pondera: “precisam se organizar”.

Como o senhor avalia este período inicial no Congresso Nacional?

Avalio positivamente no sentido de ter percebido a importância de um deputado federal para o Acre, e para o desenvolvimento da Região Norte porque o maior desenvolvimento está nas regiões Sul e Sudeste, que são as regiões que tem o maior número de parlamentares e a maior parte dos recursos federais vai para essas regiões, enquanto Norte, Nordeste e Centro Oeste fica mais desamparada. Então é preciso fazer um trabalho para mostrar que a Região Nortes, especialmente, por causa da Amazônia, precisa ter um olhar diferenciado.

A sua atuação parlamentar como tem sido?

Também avalio positivamente no sentido de estar sendo propositivo, estar buscando melhorias nos diversos campos da nossa sociedade, especialmente na questão da produção, na questão da habitação que ainda está muito aquém para a população do nosso estado e principalmente tenho tido um olhar diferenciado para que haja mais investimentos para gerar mais empregos e mais renda tendo em vista que nosso estado está hoje com um índice alto de violência.

Na sua opinião, o que é mais importante para que a bancada do Acre obtenha sucesso em seus pleitos, tendo em vista que é um estado que depende majoritariamente de recursos federais ?

Não só os do Acre, mas acho que os parlamentares da Região Norte inteira, unirem-se em prol de um objetivo único. Algumas coisas já conseguimos, como por exemplo o  Plano de Desenvolvimento da Região Amazônica e áreas fronteiriças já assinado pelo ministro. Isso faz parte de um debate da bancada da Região Norte inteira com o ministro da área de Infra-Estrutura para tratar das Rodovias, tanto a 319 quanto a 317 e a 364, e também a questão da energia. Então as coisas em Brasília se resolvem pela representatividade.

O senhor considera que a bancada esteja unida?

Sim. A nossa bancada está bem unida, tanto os deputados federais, quanto os senadores. Unidos temos uma força maior.

Como está a relação do seu partido, o PDT, com o governo Bolsonaro? O senhor tem se pautado mais pelas orientações da direção regional ou da direção nacional?

O partido tem sua linha de atuação e em toda votação existem as discussões. Como agora por exemplo, a questão do Coaf. A maioria votou para que ficasse no Ministério da Economia, mas alguns queria que ficasse no Ministério da Justiça com o Sérgio Moro. E na hora da votação o partido orientou a votar ‘não’.

 O senhor votou ‘não’?

Votei ‘não’, mas não pela orientação do partido, mas por eu entender. Sou formado em Matemática e tenho especialização MBA-FGV em Negócios Financeiros, trabalhei por 15 anos no Basa e minha área de atuação é essa. Então, por entender que o Coaf faz parte do sistema financeiro e todas as informações estão interligadas ao sistema financeiro não só no Brasil, mas no Mundo inteiro, então se tirar o Coaf desse sistema ele vai ficar um apêndice de um outro trabalho que não vai chegar as informações até ele. Então vai funcionar muito melhor no Ministério da Economia do que no Ministério da Justiça. Eu defendi esse entendimento dentro do partido.

Em relação a Reforma da Previdência, qual a sua posição?

Estamos trabalhando num substitutivo. Não só eu, mas todo o PDT. Tirar, por exemplo, o BPC, que pela proposta enviada para a Câmara analisar e discutir, coloca uma BPC de R$ 400. Hoje é um salário mínimo para quem tem acima de 65 anos de idade, só que reduziu para 60 anos, mas a gente quer permanecer com o BPC de um salário mínimo. E outro exemplo, é a questão do produtor rural. Uma pessoa que trabalha no campo, no sol todos os dias, eles não têm sábado, não tem domingo. Não tem como serem igualados com uma pessoa que passa o dia no ar condicionado.

Além dessas que o senhor levanta, existem muitas outras controvérsias em relação a Reforma da Previdência. O senhor acredita que o governo Bolsonaro vai conseguir fazê-la?

O Lula fez Reforma da Previdência, a Dilma fez Reforma, o Temer, no tempo que ficou, tentou fazer uma reforma e não conseguiu. A reforma é necessária. Não tem quem não diga que é. É unânime. Existe o déficit. Os números não mentem. Eu analisei muitos números tanto da Previdência Militar, dos Rurais, dos urbanos. Todas são deficitárias. Isso porque a expectativa de vida da população melhorou, as pessoas estão vivendo mais. Nós conseguimos em 23 anos ter uma melhoria de vida. Então se você vai viver mais, você tem que contribuir mais um pouco. E o que é colocado bastante, dentro da Reforma da Previdência, é tirar os privilégios. Fui estudar um pouco sobre isso porque muito se fala que os privilégios são dos deputados e os deputados nem todos fizeram plano de previdência. O da Câmara é muito caro. Eu não fiz esse plano. Vou me aposentar, se Deus quiser, como professor do Estado do Acre. Então essa questão são cargos públicos federais, principalmente. Então a queda de privilégios será dessas categorias. Mas eu acredito que essa Reforma deve passar com muitas mudanças.

O senhor vem de duas categorias de trabalhadores – professor e bancário – que historicamente sempre foram para as ruas, manifestar contra governos e estamos numa conjuntura em que os trabalhadores estão voltando às ruas contra o contingenciamento de recursos do governo federal para a Educação. Como o senhor vê essas manifestações?

Eu mesmo, como professor, já fui várias vezes para as ruas fazer manifestação e como bancário, quase todos os anos, fazíamos paralisações. As manifestações fazem parte da democracia. Com relação à educação, temos que investir mais. Tanto na Educação básica, quanto na universitária. Não tem como estar cortando orçamento desses lugares. As universidades já vivem de forma apertada. Há muitos anos sofrendo cortes e já vem com dificuldades em manter a pesquisa e se cortar ainda mais, tende a piorar. Historicamente o país não investe em pesquisa. Eu quando fiz Matemática, tinha um professor chamado Ponciano, de Física, e ele já dizia que tinha muita dificuldade para desenvolver suas pesquisas. Então os pesquisadores brasileiros acabam indo para os Estados Unidos e para Europa porque lá tem mais investimentos e eles acabam tendo uma tecnologia melhor que a nossa e nós ficamos sempre na economia primária, perdendo espaço para os países que investiram mais em educação. Então eu acho que a população tem mesmo que ir para a rua se manifestar.

Falando de política local, o PDT decidiu estar na base do governo Gladson, qual a sua posição?

A decisão foi tomada em conjunto. Não foi uma decisão só do deputado Tchê ou do deputado Jesus. Reunimos o partido várias vezes desde quando o governador Gladson nos convidou e disse que precisava desse apoio do PDT. E nós sempre tivemos uma relação boa com Gladson desde quando era deputado federal.

O que o senhor definiria como critério principal, politicamente falando, para que o partido defina seu apoio?

No nosso caso, vimos que o estado precisa se desenvolver. Não só o estado, mas o Brasil inteiro está em crise, então ficar criticando por criticar, só “batendo” no governo… então entendemos que nesse momento era preciso unir forças. Ficar do contra torna as coisas mais difíceis. Então nossa posição de apoiar o governo, inclusive o Tchê, que é deputado estadual e está como líder do governo, é no sentido de que o governo possa fazer um bom trabalho. Temos que nos dar as mãos porque nosso estado tem muitas dificuldades. Eu sei que é preciso fazer críticas, mas desde quando fui vereador e era oposição nunca fui de criticar por criticar, mas críticas propositivas.

Como o senhor avalia o governo Gladson até aqui?

O governo está se organizando. Está com cinco meses, mas são pessoas e a maioria das pessoas do governo Gladson estava fora do governo há 20 anos e muita coisa de lá prá cá mudou. É preciso aprender a fazer novamente e isso demora, isso tem prazo, leva tempo. Mas estão no caminho certo e o governador Gladson está tentando acertar. É uma pessoa que aceita críticas…

No caso, o senhor teria alguma crítica?

A gente sempre tem colocado. São muitas coisas. Como por exemplo a questão da Saúde. Tem muitas reclamações da população, principalmente ali no Pronto Socorro e a gente procura saber o que está acontecendo porque sabe do trabalho que o secretário Alysson está fazendo, mas às vezes é um diretor, alguém da equipe. Então eu tenho feito essa discussão. Mas não é fácil. O Estado precisa estar presente em todos os municípios. Na questão da produção, por exemplo, no meu município – Tarauacá – o secretário disse que esteve lá, mas nada andou ainda. Ainda precisa se organizar.

E sobre eleições municipais, como o PDT está se organizando?

O meu entendimento é que o PDT tem que ter candidato a prefeito em todos os municípios porque é uma eleição diferenciada. Acabou as coligações proporcionais então o partido que terá candidato a prefeito tem como fazer mais vereadores, tem como crescer. Então tenho defendido a organização do partido em todos os municípios.

Em quais municípios já houve algum avanço nesse sentido?

Já fizemos uma conversa com o ex-deputado Thaumaturgo, que já está cuidando de Mâncio Lima, então estamos vendo se ele cuida de toda a região do Juruá para ter candidato próprio. Em Tarauacá, que é o meu município, vamos ter candidato sim.

Já tem algum nome?

Temos dois pré-candidatos. O professor Aderlande que é professor da maior escola do município e já foi secretário de educação, temos o ‘seu’ Hugo Oliveira, que é um pecuarista e já foi gestor de vários órgãos do governo e tem o vice Chico Batista, que não está no PDT, mas sempre foi do grupo. Um desses nomes será o nosso candidato em Tarauacá.

E nos demais municípios, o senhor concorda com o deputado Tchê, que já chegou a mencionar a secretária de Meio Ambiente de Rio Branco, Paola Daniel, como candidata a prefeita da Capital?

A Paola é um bom nome. Ela fez um bom trabalho na Semeia. Ela tem ideias novas e precisamos de renovação na política.

Em Plácido de Castro, já surgiu o nome do ex-vereador Achaad. O senhor concorda?

O Achaad é um bom nome, mas nós estamos conversando também com Nelson Santiago. Eu particularmente tenho conversado para ele vir para o PDT porque tem muita gente lá que gosta dele. Temos um grupo de pessoas independentes que estamos conversando para apoiar o candidato a prefeito que achem melhor. O nome do Achaad está em outro grupo mais ligado ao Tchê, mas são dois bons nomes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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