18 de abril de 2024

“A classe política tem muito bandido, bandido da pior espécie”, diz ex-prefeito de Tarauacá

Depois de concluir o mandato de prefeito de Tarauacá, que exerceu de 2013 a 2016, o médico Rodrigo Damasceno surpreendeu ao desfiliar-se do Partido dos Trabalhadores (PT), em março deste ano. Nesta sexta-feira (7), o ex-gestor, ao conceder sua primeira entrevista, depois disso, falou ao Blog do Accioly que “na classe política tem muito bandido, bandido da pior espécie” e que este foi um dos fatores pelos quais resolveu sair da política e dedicar-se à Medicina e à família.

Rodrigo Damasceno está se dedicando à Medicina./Foto: Reprodução

“Acho que pelos moldes como se vê a política hoje, pessoas sérias vão ser cada vez mais exceção à regra. A classe política, tem muito bandido, bandido da pior espécie, mas também tem gente honesta. O problema que com a demonização da política todos somos tratados como “bandidos” e aí temos que ficar correndo atrás de provar que somos inocentes, quando os que nos acusam eram os que deveriam ter o ônus da prova. Por isso, gente séria dificilmente se mantém na política, por não aceitar ser tratado assim e isso vai abrir espaço cada vez mais para as pessoas inescrupulosas que não se incomodam com isso.”, disse Damasceno.

Indagado se sua saída do PT teria sido motivada por algum ressentimento com lideranças do partido ou perda de espaço político, Rodrigo Damasceno disse ao repórter Leandro Mathaus que “em relação à cúpula petista (irmãos Vianas) nunca tive protagonismo, nem mesmo quando ainda estava como prefeito! Sempre fui olhado meio atravessado e tratado da mesma forma. Inclusive cheguei a preparar a carta de desfiliação no meio do período eleitoral, falando algumas verdades, mas fui convencido a não fazer naquele período pois tinha muita raiva envolvida e com cabeça quente não era a melhor maneira. Mas não entrarei em detalhes, pois considero ser águas passadas. Tenho minha consciência tranquila e isso é o que importa.”, ponderou.

O ex-prefeito revelou também que já não tinha mais motivação nem para participar da última campanha eleitoral. “Na eleição para governo, minha vontade inicial era de não ter participado. Tinha vontade de ter viajado, tirado férias. Pois já tinha me envolvido na última eleição para governo e infelizmente não havia sido reconhecido. Não para mim quanto indivíduo, mas para as pessoas que entram na política com você acreditando que poderemos ter a chance de contribuir para a futura gestão. Emprestamos o nosso nome para ganhar, mas não para ajudar a administrar e inclusive o governo que fizemos o mais votado no estado, foi o mesmo que em vários setores estavam contra nós na eleição municipal.”, declarou.

Outro ponto de destaque da entrevista de Damasceno é quando critica as pressões políticas por cargos na composição da equipe de gestão. “Não me vejo mais como gestor. Mas se eu pudesse voltar atrás e modificar algo, seria ter escolhido e indicado todos os secretários e cargos de confiança mais importantes. E, não cedendo por pressões de grupos políticos ou econômicos. Acho que devemos governar com todos os partidos, mas quem deve escolher as pessoas dos partidos para contribuir com a gestão é justamente o prefeito, e temos que ter um perfil técnico que não queira fazer mais política do que o prefeito, pois no final será este que será avaliado e julgado. Gastava muita energia e esforço fazendo trabalho que o secretário deveria estar fazendo. E isso acabava me causando desgaste.”, disse.

Declarando que não tem mais pretensão de disputar uma eleição, Rodrigo Damasceno alega ter sido esse um dos motivos para não mais continuar nas fileiras do PT. “Acho que dei minha parcela de contribuição.”, e alfineta: “temos que acabar com a cultura do “eu”. Em Tarauacá, para uma parcela da população se você não fizer no individual, você não fez nada! (…) quem anda prometendo ou conhece de administração pública e é mal caráter, ou não faz ideia do que vai enfrentar. Acho que precisamos ter critérios mais coletivos e menos individuais nas próximas escolhas de nosso município, pois quando acertamos no coletivo todos ganhamos, mas quando erramos na escolha todos pagamos o preço.”, concluiu.

 

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