Padre Paolino pode ser beatificado e tornar-se o primeiro da Região Norte no Brasil

Três anos depois de sua morte, que abalou todo o estado acreano e principalmente a cidade de Sena Madureira, Padre Paolino Maria Baldassari poderá ser beatificado, após um processo preliminar instaurado pela Ordem Servos de Maria (OSM) do Brasil.

Frei Paolino morreu aos 90 anos/Foto: Reprodução

A informação foi confirmada pelo pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, Moisés Oliveira, em entrevista concedida ao ContilNet nesta quinta-feira (23).

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Frei Moisés/Foto: Reprodução

O protocolo foi iniciado quando o representante da OSM, Frei Franco Azzali, veio ao Acre para o lançamento da biografia de Paolino, com o título “O prego e a medalha”, que aconteceu na igreja matriz do município, no dia 17 de

abril.

“O lançamento da obra e a coleta de testemunhos e milagres realizados por intercessão do Padre Paolino fazem parte desse processo preliminar que vai dar início ao de beatificação, quando completar os cinco anos de sua morte. Já reunimos algumas informações importantes para dar seguimento ao ato”, declarou Oliveira.

A atribuição, de acordo com as normas da Igreja Católica Apostólica Romana, só ocorre após a comprovação de um milagre. Uma vez atingida a condição de beato, procede-se o processo de canonização.

De acordo com Frei Moisés, cartas pessoais enviadas por Baldassari e recebidas por ele, além de relatos de pessoas que conviveram com o vigário, já foram enviados aos responsáveis pela possível declaração.

“Vamos aguardar o tempo que é estabelecido para dar entrada”, enfatizou.

O “defensor dos mais pobres”

Aproximadamente às 15h do dia 8 de abril de 2016, os fieis católicos receberam a notícia do falecimento de Padre Paolino, o religioso com mais de 60 anos de sacerdócio.

Reconhecido nacionalmente pela entrega aos ribeirinhos, nas desobrigas que demoravam meses e na entrega de fitoterápicos (de sua produção, com auxílio de plantas e ervas medicinais típicas da Amazônia) aos moradores da zona rural, o bom velhinho recebeu vários títulos e homenagens ao longo de sua vida. Em 2004, o “pai espiritual” de milhares de pessoas foi intitulado, pela Universidade Federal do Acre (Ufac), Doutor Honoris Causa, considerando sua luta ambiental, os serviços prestados em localidades distantes, sua firmeza de caráter na defesa dos mais humildes e seu histórico de vida aprovado na Câmara de Recursos e Títulos Honoríficos da instituição. Em novembro de 2006, também foi escolhido em primeiro lugar como liderança individual do Prêmio Chico Mendes, concedido pelo Ministério do Meio Ambiente.

Nascido na Itália, era filho de um pedreiro com uma agricultora. Ainda jovem tornou-se ajudante de pedreiro e não gostava de estudar. Era tão ruim em matemática, segundo ele mesmo afirmava, que, certa vez, numa única aula levou 70 tabefes do professor por não responder corretamente a tabuada. Após a guerra, tendo migrado para o Brasil, passou a ser aluno aplicado, formando-se em Teologia e aprendendo vários idiomas.

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Padre Paolino em vista à comunidade em Sena Madureira/Foto: Folha

Ainda na Itália fez amizade com outro religioso, o frei Heitor Turrini, que virou seu principal parceiro na prática religiosa. Vieram juntos para o Brasil num avião da Alitália, por iniciativa de Turrini, que conseguiu passagens de graça. A proeza se repetiu na viagem para a Amazônia e custou a Heitor dois dias de carona num caminhão até o Rio de Janeiro, para pedir as passagens ao dono da empresa Cruzeiro do Sul (depois Varig).

Em decorrência da quantidade de viagens que fez ao interior, realizando consultas, batizados, missas e casamentos, Paolino desenvolveu malária 84 vezes, em 56 anos. Mesmo assim, a resistência venceu a adversidade.

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